A obtenção de informação em alta resolução mantendo
a perspectiva global necessária para o entendimento da função do sistema do cérebro,
representa um desafio na biologia. Métodos recentes utilizados em cérebros de mamíferos
ou envolvem seccionamento e reconstrução, ou acabam sendo incompatíveis com a
fenotipação molecular, ou, até mesmo ambos. Algumas pesquisas que conseguiram
mapear estruturalmente o cérebro por meio do seccionamento até foram bem
sucedidas, mas eram limitadas pela aplicação em apenas pequenos volumes de
tecido.
Estudar o tecido em sua forma intacta é um objetivo
ainda não conquistado na biologia. A sua visualização no microscópio de luz é
limitada devido à dispersão que a luz sofre por causa da bicamada de lipídio nas
membranas das células, e a fenotipação molecular é dificultada.
O objetivo então é transformar o tecido intacto em uma
estrutura opticamente transparente e permeável a macromoléculas enquanto,
simultaneamente, a estrutura e informação molecular natural são preservadas.
O primeiro problema a ser resolvido seria então a questão
da bicamada lipídica das células. Os lipídios implicam na pouca acessibilidade
tecidual, tanto para sondas moleculares (usadas na fenotipação de moléculas)
como para os fótons., criando uma barreira com propriedades de difusão relevante
a penetração química e na dispersão luminosa.
Se a bicamada lipídica pudesse ser removida sem
ocorrer destruição e desassociação da estrutura, luz e macromoléculas poderiam
penetrar profundamente no tecido, assim, a imagem tridimensional e a analise
imunohistológica seria possível. Contudo, remover esses lipídios que provêm
integridade estrutural e que retêm biomoléculas iria, inevitavelmente,
danificar o tecido com perca de informação celular e molecular importantíssima.
Assim, prover uma armação, que primeiramente
garantisse a integridade física do tecido e assegurasse a informação biológica,
seria necessário.
Tal tecnologia já fora desenvolvida e realizada na
Universidade de Stanford, Califórnia, e publicada em março desse ano na revista
científica Nature e se chama CLARITY.
Referência bibliográfica:
http://www.nature.com/news/see-through-brains-clarify-connections-1.12768
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